Equitação de Trabalho

A disciplina de Equitação de Trabalho foi criada com o objectivo de promover os diferentes tipos de técnicas de equitação desenvolvidas nos países que utilizam o cavalo como meio e instrumento de trabalho de campo, visando a preservação e perpetuação deste tipo de equitação e das tradições culturais de cada país e dos seus cavalos. Estas incluem a conservação das diferentes tradições nacionais, incluindo o traje e os arreios tradicionais de cada país, traduzindo a típica condução da montada a uma mão, com excepção dos escalões de iniciação mais jovens, em que poderão ser utilizadas ambas as mãos na maior parte do trabalho.

A Equitação de Trabalho nasceu de pequenas competições regionais em França e na Itália, expandindo-se para outros países europeus, conquistando em especial Portugal e a Espanha. Em conjunto, estes países elaboraram um regulamento comum, visando a unificação dos conceitos equestres da lide e trabalho no campo, doravante respeitando as diferentes tradições nacionais da lide no campo. Com base neste princípio, foi assim criada uma modalidade equestre, em crescente e ampla expansão actual a nível mundial, que procura replicar o tipo de monte praticado em diversas vertentes do trabalho no campo.

A Equitação de Trabalho teve a sua primeira oficialização competitiva no primeiro campeonato europeu, que decorreu em Itália em 1996. Desde então, tem assistido a um crescimento universal nos diversos círculos do hipismo internacional. 1997 viu chegar a organização do II Campeonato da Europa de Equitação de Trabalho, que, além dos países fundadores (Itália, França e Espanha) contou com a primeira participação de Portugal, com os cavaleiros da Equitação Tradicional Portuguesa.

 

Actualmente, a Equitação de Trabalho tem expressão nos quatro cantos do mundo, contando com a disciplina desenvolvida e activa em, pelo menos, 20 países com associações próprias e/ou membros da WAWE – World Association for Working Equitation, fundada em 2004. Em Portugal, sob a alçada da Federação Equestre Portuguesa, a Equitação de Trabalho é tutelada pela APSL – Associação Portuguesa de Criadores do cavalo Puro Sangue Lusitano. Os atletas (cavaleiros e cavalos) deverão estar inscritos e aprovados pela Federação Equestre Portuguesa.

Em Portugal, o primeiro campeonato nacional foi organizado em 1999, com a Final a realizar-se na Feira Nacional do Cavalo, na Golegã, em Novembro desse ano. Desde então, a Equitação de Trabalho tem sido a modalidade que mais cresceu entre as modalidades hípicas. O Cavalo Puro Sangue Lusitano revelou-se particularmente apto para a realização do tipo de exercícios exigidos nas diversas provas.

 

O êxito alcançado pela Equitação de Trabalho espelha-se no facto de se ter difundido por um número considerável de países, facto associado à utilização cada vez mais assídua do cavalo Puro Sangue Lusitano, com um desenvolvimento que inclui, entre outros, competidores do Brasil, México, Inglaterra, Bélgica e Suécia, actualmente com mais de 20 países membros da WAWE, incluindo países da Europa, Américas e Oceânia.

 

Austrália, Áustria e México
Austrália Austria  Mexico

Holanda, Suécia e Grã-Bretanha
Holland Sweden Great Britain

De salientar, ainda, que Portugal se sagrou campeão da Europa de Equitação de Trabalho, individual e colectivamente, por três anos consecutivos. Além da vitória no Campeonato da Europa de 1998, realizado em Santarém, a equipa portuguesa foi também campeã da Europa de Equitação de Trabalho individual e colectivamente, em Outubro de 1999 (em Montpellier, França), e em Outubro de 2000 em Camaiori (Itália). Em 2001, em Cadiz (Espanha), Portugal não conseguiu vencer individualmente, mas renovou o título colectivo, premiando, assim, o nível com que se pratica a modalidade no nosso país: não apenas no que diz respeito à perícia dos nossos cavaleiros, como também a aptidão do cavalo lusitano para estas provas. Desde então, muitos foram os sucessos dos atletas e das equipas nacionais a nível europeu e mundial.

A COMPETIÇÃO NA EQUITAÇÃO DE TRABALHO

Uma competição de Equitação de Trabalho é constituída por diferentes etapas (3 ou 4), prolongando-se normalmente por dois ou três dias. É composta por uma prova de Ensino, uma prova de Maneabilidade, uma prova de Velocidade, podendo incluir ou não uma quarta etapa, a Prova da Vaca.

ENSINO

É a primeira etapa, na qual o conjunto deve executar 15 a 17 exercícios predefinidos, num rectângulo de 40 por 20 m, avaliados por um júri, à semelhança do que acontece na disciplina de “Ensino/Dressage”. A ausência de execução de qualquer movimento desclassifica o concorrente nesta prova. Tem como intuito demonstrar as habilidades do cavalo na realização dos exercícios de ensino, reflectindo o tipo de condução necessária à execução das tarefas diárias do trabalho com o cavalo.

MANEABILIDADE

A segunda etapa é a de maneabilidade, uma prova com uma série de exercícios que simulam as actividades do dia-a-dia de trabalho no campo, e na qual será necessário transpor uma série de obstáculos ou exercícios , de acordo com critérios predefinidos. Uma particularidade interessante nesta prova é o facto de ela nunca ser igual de concurso para concurso, definindo-se, dentro dos critérios regulamentares, uma prova diferente em cada realização, de acordo com o critério do director de prova. Nesta etapa, não se pretende avaliar qualquer competição de rapidez, mas sim a tranquilidade, precisão, estilo e regularidade com que são transpostos os desafios dos obstáculos e exercícios, que visam reproduzir as dificuldades encontradas no campo. A cada exercício é atribuída uma nota de execução. Os exercícios são realizados a passo ou a galope.

VELOCIDADE

A terceira etapa desenrola-se no mesmo percurso em que é realizada a prova de maneabilidade, mas desta feita é avaliada a velocidade, em vez da atitude, clareza e exactidão da execução. A etapa processa-se num sistema de contra-relógio, tornando esta prova na mais espectacular das três já referidas. Os exercícios são realizados pela mesma ordem, numerados e transpostos a passo, trote ou galope.

PROVA DA VACA

A quarta etapa, disputada exclusivamente por equipas, é a Prova da Vaca, na qual um grupo de cavaleiros tem como objectivo tirar, de uma manada de bezerras, um animal previamente sorteado, conduzindo-o para uma zona delimitada para o efeito, deixando os restantes animais na zona inicial. Os 4 cavaleiros, à vez, vão realizando a prova de separação e condução da bezerra. Os outros três conjuntos exercem a função de auxiliares, não permitindo que a bezerra escolhida regresse ao grupo inicial ou saia do controlo do condutor.

ESCALÕES DE CONCORRENTES
(não dispensa a consulta do regulamento de Equitação de Trabalho da FEP)

  • Preliminar -conjuntos que nunca tenham participado em qualquer Campeonato Nacional ou Taça de Portugal de Equitação de Trabalho em montadas de idade igual ou superior a 5 anos
  • Cavalos Debutantes -atletas que montem animais de qualquer raça de sela, que não tenham, até ao dia 1 de Janeiro do presente ano, participado em Provas de qualquer disciplina equestre federada (olímpica e não olímpica), por mais do que uma época.
  • Atletas Debutantes -Escalão reservado a atletas com idade mínima de 20 anos, que nunca tenham participado em quaisquer provas de Dressage de grau de dificuldade igual ou superior ao Nível Complementar ou de Nível A da Equitação à Portuguesa
  • Atletas Sub-16 anos (Sub-16) -Escalão etário, reservado a atletas que, no máximo, tenham 15 anos no dia 1 de Janeiro do ano em que estão a competir.
  • Atletas Sub-20 anos (Sub-20) -Escalão etário, reservado a atletas que, no máximo, tenham 19 anos no dia 1 de Janeiro do ano em que estão a competir.
  • Atletas Consagrados – Série A e Série B -Reservado a concorrentes que compitam com montadas de idade igual ou superior a 5 anos. Este escalão está aberto a concorrentes que, no dia 1 de Janeiro do ano em que estão a competir, completem 16 anos. (Consultar a definição das séries em regulamento).
  • Masters -Escalão aberto aos conjuntos (atletas/montadas) que:
    – A Idade do Cavaleiro seja igual ou superior a 18 anos.
    – A Idade da montada seja igual ou superior a 7 anos.

A organização das competições nacionais de Equitação de Trabalho está a cargo da APSL, sob a alçada e ao abrigo dos regulamentos da FEP.

 

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